É fevereiro de 2006. As crianças do pré se preparam
para ficar 5 horas por dia sem seus pais. Para a maioria das crianças, era – e ainda
é - a coisa mais assustadora do mundo, mas, para uma delas, era a coisa mais
CHATA do mundo. Essa “uma” é completamente diferente das outras crianças. Com três
pra quatro anos, uma menina com cabelos meio lisos, meio cacheados, baixinha,
com tênis ao invés de sapatilhas ou saltinhos, com calças desfiadas ao invés de
meias calças perfeitas, a blusa da escola ao invés de regatas rosa e cabelos
bagunçados ao invés de cabelos perfeitos com tiaras perfeitas ou lacinhos. Essa
é Giovanna. O look dela não foi escolhido por seus pais. Karen, a mãe, tem o
gosto completamente diferente. Rosa, rosa, sapatos altos, cabelos presos, samba
e mais rosa. Isso a define. Apesar de Karen se importar muito com o que os
outros pensavam, é uma boa pessoa. Não é completamente maravilhosa. – Vamos dizer
que 98% maravilhosa. Paulo, o pai, era completamente diferente. “Forrozeiro” “Modesto”
e “Amoroso” eram as palavras que o definiam. Giovanna também vive com seus dois
irmãos: Kike e Serginho. Kike tinha sete anos e é o irmão mais velho. Serginho
tem esse apelido por seu nome, Paulo Sergio.
Voltando ao primeiro dia de aula do pré, Giovanna e
todos os alunos estavam aguardando serem chamados no pátio da escola – vá lá –
Ana Cândida.
- Agora, os alunos do pré I A.
Giovanna tremia. Não de medo, mas por estar em uma
sala cheia de patricinhas, mauricinhos e professores pamonhas.
Logo, a lista de alunos já chegava à letra “G”:
- Giovanna Silva Souza.
Tremeu novamente. Mas era hora de dar beijinhos de “Até
daqui a pouco” em seus pais e partir para o estranho mundo do colégio...
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